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Mostrando postagens de abril, 2010

Evangelho e cidadania - Parte 03

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Eis porque devemos observar o comportamento de Cristo diante do impasse que lhe apresentaram: 1. O conceito cristão de cidadania dessacraliza os processos políticos. Ele pergunta, de quem é a efígie na moeda. A resposta obvia é que era de César. Portanto, não há uma ótica transcendente na leitura daquele regime. O regime de César não é visto como agente do mal e nem como agente do bem; é visto como uma manifestação dos processos humanos de condução da história. Para cristo, os sonhos teocráticos estão esvaziados. Ele edificará um reino que não guerreará pelos mesmos espaços geográficos que Roma, seu reino não usa a nomenclatura do poder de César, não aparecerá um novo partido dentro da confusa geo-política palestina do primeiro século. O evangelho não contempla no socialismo o sonho de concretização do reino. Sequer consegue ver o capitalismo que faz do dinheiro o seu deus, a possibilidade de encarnar a utopia do novo céu e da nova terra. Isso força o cristianismo a interpretar sua rea

Evangelho e cidadania - Parte 02

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É de bom alvitre que se leia neste ponto de nossa reflexão o capítulo 22 de Mateus, dos versículos 15 ao 22. “ Então, retirando-se os fariseus, consultaram entre si como o surpreenderiam em alguma palavra. E enviaram-lhe os discípulos, juntamente com os herodianos, para dizer-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro e que ensinas o caminho de Deus, de acordo com a verdade, sem te importares com quem quer que seja, porque não lhas a aparência dos homens. Dize-nos, pois: que te parece? É lícito pagar tributo a César ou não? Jesus, porém, conhecendo-lhes a malícia, respondeu: Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. Trouxeram-lhe um denário. E ele lhes perguntou: De quem é esta efígie e inscrição? Responderam: De César. Então, lhes disse: Daí, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Ouvindo isto, se admiraram e, deixando-o, foram-se. ” Neste texto de Mateus, Jesus já está em Jerusalém e de lá só sairá pela chamada Via Dolorosa. A multidão o aclam

Evangelho e cidadania - Parte 01

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O Brasil enfrenta uma das piores crises de sua história. Uma crise tal que os futuros historiadores terão dificuldades de explicar como foi possível este país construir uma catástrofe destas dimensões ao chegar no final do século XX. Estamos desarticulados socialmente. Os sintomas desta desarticulação se mostram na miséria que se perpetua nos subúrbios dos grandes centros urbanos, na deseducação das crianças que são forçadas a estudar em escolas públicas em ruínas; no esvaziamento do campo e na explosão urbana. Nossa desarticulação social se revela mais exuberante na perda do sentimento de nacionalidade: vive-se uma descrença em relação ao futuro. Somos o país em que políticos ainda se elegem promovendo laqueadura de trompas e distribuindo dentaduras. Observa-se a lenta perda do poder aquisitivo da classe média e nenhuma melhoria para a maioria pobre. Vive-se uma desigualdade regional. O sul próspero e o norte e nordeste com índices africanos. Convivemos com o paradoxo de sermos um dos

AS DOENÇAS DE SER QUE NÃO VEMOS EM NÓS! - Parte 02

Normalmente tal situação é criada por um de dois extremos na alma: 1. Excesso de segurança sobre os próprios conceitos e justiça-própria. Ora, uma pessoa tomada de tais certezas de justiça pessoal, em geral se torna incapaz de ver suas próprias idiossincrasias; as quais, em tal caso, são o resultado de tudo o que ‘de bom’ resida em tal justiça pessoal, mas que, não sendo objeto de analise da pessoa, acaba cegando áreas inteiras da auto-percepção da pessoa; sem falar que muita gente, depois de um tempo vivendo assim, desenvolve mais e mais aspectos positivos de sua justiça-própria com a finalidade inconsciente de ter álibi para um monte de outras coisas que a pessoa não quer ver e nem tratar. 2. Grande insegurança acerca de si mesmo. Se a pessoa cheia de justiça-própria pode cegar-se por falta de auto-percepção gerada pela falsa idéia de justiça pessoal, de outro lado, o inseguro enxerga-se de modo desproporcionalmente negativo, e, assim, desenvolve todas as doenças

AS DOENÇAS DE SER QUE NÃO VEMOS EM NÓS! - Parte 01

Não é porque alguém não defeque nas calças e nem faça xixi nas pernas que seja sadio. Não é porque uma pessoa não seja violenta e agressiva que por tal razão seja sadia. Não é porque a pessoa não apresente nenhuma das disfunções psíquicas que ocorrem como transtorno em pessoas diagnosticadas com problemas psíquicos graves que, por tal razão, ela seja mentalmente sadia. Nossos maiores problemas mentais não são objeto de preocupações psicológicas e psiquiátricas. Sim! Eles decorrem de inseguranças sutis, de abusos leves, de mentiras simples, de implicâncias e antipatias inocentes, de direitos pessoais exacerbados, de intenções de controle e manipulação, de incapacidade de se enxergar, de traumas antigos e esquecidos, mas que deixam suas trilhas como caminho emocional na pessoa, etc. Desse modo, não havendo cuidado e atenção da pessoa a si mesma, às suas emoções, reações, explosões, iras, irritações, etc. — ela vai ficando cega; e, pela normalidade da conduta social, vai adoecendo na

Carta aberta aos jogadores (e aos torcedores) do Corinthians.

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Atletas, Comissão Técnica, Diretoria e Nação Corinthiana, Como dizem por aí, sou apenas mais um louco do bando. No entanto esse “apenas” significa demais pra mim. Nos meus quase 30 anos de idade, o grito de torcida que mais mexeu comigo é o “Corinthians minha vida, minha história, meu amor”. No meu caso, isso vale 100%. Por isso me sinto no direito de escrever essas palavras que vem a seguir. “Sabe, eu nasci corinthiano, podes crer eu não me engano, já virou obsessão. Desde que eu me entendo por gente coloquei na minha mente, sou fiel, sou coringão. Não adianta vir fazer minha cabeça, aconteça o que aconteça, bato o pé, não abro mão.” – sábia letra de música que em poucas palavras é capaz de resumir um sentimento tão sublime. Sublime e sem limites. Ao ponto de gritarmos em uma única voz que NUNCA VAMOS ABANDONAR nossos guerreiros. Perdemos a primeira batalha, MAS NÃO VAMOS PERDER A GUERRA. NÃO PODEMOS! É preciso que haja uma união digna de nossa história, de nossa paixão. Que juntos,

O Evangelho do Reino e o hospital de guerra - Parte 02

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O que é, então, a igreja? Qual a proposta do evangelho do Reino? Igreja é a congregação dos perdoados, a comunidade que sinaliza o Reino anunciado por Jesus. É como um hospital; mas não um hospital comum, destes modernos que mais se parece um hotel. A igreja é como um hospital de guerra , onde feridos graves são recebidos a todo o momento. Há macas no corredor, sangue e outros não tão nobres fluídos pelo chão. Faixas usadas estão pelo canto. O odor não é de forma alguma agradável. Ainda há dor, choro, e pode-se ouvir gemidos pelos corredores… Mas há, sim, curas, restaurações, cicatrizações e alegrias. Crianças nascem o tempo todo! Adolescentes jogam bola no pátio improvisado. A cantina é sempre movimentada e barulhenta, e o médico-diretor é atencioso, paciente e muito capaz. Um hospital assim é tudo o que um soldado ferido almeja. Ele sabe que ali encontrará alívio e restauração. Todos, sem exceção, trabalharão por sua restauração. Essa é a igreja do evangelho do Reino. Evangelho é bo

O Evangelho do Reino e o hospital de guerra - Parte 01

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Alguém já disse que, independente da cidade, a maior igreja não se reúne num prédio específico. Ao contrário, ela não se reúne, pois é formada pelos afastados, desiludidos, amargurados e decepcionados. Concordo. Já fiz parte deste grupo. Conheço muitos deles. Mas é fato que mudei. Na verdade não sei nem quando, nem como, nem onde. O que sei é que fui encontrado e tratado, preenchido por uma nova vida, percepção e esperança. É isso que quero compartilhar com você neste texto. Este fenômeno – chamo de “outra igreja” – não é de forma nenhuma novo nem tampouco brasileiro. Por toda história, infelizmente, encontramos pessoas mal interpretando o Evangelho, produzindo comunidades que ao invés de curar, enfermaram; ao invés de acolher, isolaram; ao invés de integrar, alienaram. Bem sabemos que milhares vivem hoje à margem da graça do Reino. Tal enfermos ruminantes, em isolamento e tristeza, regurgitam culpas falsas e reais, alienados de si, dos outros e de Deus. Não lhes foi anunciado o evange