Retrato Cruel do Cotidiano
Retrato Cruel do Cotidiano Eles Citam apenas o que lhe convém: “a salvação é pela graça”, mas ignoram, omitem ou até apagam a parte que afirma: “a fé sem obras é morta”. Um dia comum na semana de trabalho, sol de meio dia (a pino) e o funcionário - trabalhador ou colaborador? - sentando em um banco de madeira à meia-sombra precisando de um vale para comprar os remédios da família e o gás de cozinha que acabou. Enquanto isso, o patrão bem-sucedido (herdeiro), cristão e defensor da tríade do mal — “Deus, pátria e família” — chega em mais um de seus carros importados, híbrido, conquistado não pelo próprio suor, mas pelo esforço de trabalhadores miseráveis que sustentam seu luxo. Esse trabalhador, depois de quase duas décadas, finalmente entende que o discurso meritocrático — “acorde mais cedo, faça em dobro, enquanto os outros dormem” — não passa de um disfarce para a velha exploração da mais-valia. Do outro lado está o trabalhador, preto, acusado de ser “invasor” de um pedaço de terra ab...