O Evangelho do Reino e o hospital de guerra - Parte 01
Há aqueles que se afastam decepcionados com os próprios crentes. Isto porque no ‘outro evangelho’ a conversão é percebida como transformação instantânea. Nesta perspectiva a igreja é o lugar de congraçamento dos perfeitos, um grande clube vip. Mas a verdadeira igreja não é isso…
É verdade que somos abençoados na igreja, que irmãos maduros nos acolhem, enxugam nossas lágrimas e nos ensinam a caminhar. Mas é também verdade que na igreja somos julgados, traídos, difamados e explorados por gente do nosso próprio grupo, seja o coral, o louvor, ou a terceira idade. Na linguagem bíblica, parece haver muito joio pra pouco trigo.
O ‘outro evangelho’ nos aliena ainda quando cobra de nós mesmos a instantânea transformação. É verdade que algumas coisas podem e de fato, devem mudar na conversão. Há aqueles que são curados milagrosamente de vícios que os acorrentavam há anos; outros são libertos de espíritos malignos que os aprisionavam desde pequenos. Isto de fato acontece. É o poder do Evangelho. Mas outros não…
Não demora muito, porém, mesmo estes que foram milagrosamente libertos, percebem que apesar destas mudanças reais e significativas, outras áreas, antes dormentes, apresentam-se agora como grandes fontes de luta. Acabam, enfim, por identificar em seu próprio coração resistentes laços de avareza, preguiça, lascívia e orgulho. Mais luz, mais rachaduras…
Esta constatação os faz viver cabisbaixos ou lhes empurra numa busca desesperada por uma experiência catártica que, de uma vez por todas, expulse seus domesticados e obesos demônios.
Na verdade, como diz o ditado: “De perto ninguém é normal”! Melhor: “De perto, todos são miseráveis pecadores”, mesmo após a conversão.
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