COMO EU GOSTARIA DE SER JUSTO...




COMO EU GOSTARIA DE SER JUSTO...

Meu bom amigo, Sr. "X"

O Sr. disse "Bela mensagem! Como eu gostaria de ser justo em minhas avaliações, sem julgar precipitadamente. Não consigo! Continuarei tentando, se o tempo me permitir, claro! Tenham todos um ótimo final de semana".

Assim como o amigo, eu não sou nem nunca serei justo em minhas avaliações. Não há como nós sermos absolutamente justos. Inevitavelmente, haverá injustiça nas nossas avaliações e considerações.

A JUSTIÇA não é relativa. Ou se é justo ou se é injusto. Portanto, a única justiça que podemos praticar é externa e relativa: a moral dos homens, a qual aprendemos porque nos ensinam, para que possamos trafegar na sociedade e tornar a convivência humana um pouco menos incivilizada.

Não quero dizer com isso que não possamos ser justos, mas a nossa justiça sempre será relativa. O ser humano pode e deve fazer o bem, mas não por causa da justiça ainda que absoluta.

Quando pensei em fazer Direito, ainda no primeiro período, eu aprendi do meu professor que o objeto do Direito não é necessariamente servir à justiça, mas resolver o impasse jurídico. Se a justiça for servida, ela virá como bônus.

Toda a justiça dos homens e mulheres está baseada em normas, regras, convenções etc. O que foi justiça ontem, não é justiça hoje. Ela será sempre relativa, pois, se fosse absoluta, a justiça teria de ser algo que transcendesse o tempo e o espaço e, portanto, não tivesse nem começo e nem fim.

Eu creio numa justiça absoluta, que só pode ser conhecida na subjetividade do nosso ser, pois, só ela fala à alma humana, que tem fome e sede de justiça, mas não antes de uma maior e mais gloriosa experiência existencial: a da misericórdia absoluta no nosso existir, bem profundamente na essencialidade de nosso ser.

Eu falo de uma justiça que, embora absoluta, deixa-se vencer pela misericórdia. Portanto, para se ser justo, ainda que, como experiência relativa nesta existência, nós primeiramente precisamos experimentar o que é misericórdia absoluta.

Só quando atravessarmos o caminho do mistério da experiência existencial da misericórdia absoluta - que transpõe a relatividade do espaço-tempo, onde se abrigam as normas, regras e convenções humanas e tudo mais que o ser humano faz, pensa e diz, portanto, inevitavelmente relativo -, e o nosso interior for invadido pelo misericórdia absoluta, nós então descobriremos que não somente não somos justos o quanto desejaríamos, mas que não precisamos da nossa justiça própria, porque, antes que houvesse justiça absoluta, houve misericórdia absoluta na eternidade, onde não existia nem tempo, nem espaço, nem pretensões de se ser mais justo do que a misericórdia absoluta.

Não se preocupe em ser justo, mas em ser misericodioso. A misericórdia é o caminho da justiça. É próprio da Religião. A Religião não conhece a misericórdia.

Tenha o amigo um fim de semana cheio da experiência verdadeira da misericórdia absoluta no mais profundo de seu ser e experimente uma paz indizível.

Do amigo sincero,

Lairton

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