Deus, pode-se somente dizer aquilo que Ele não é...


[...] Como Deus é onisciente, sendo “Providencia”, isso suprimiria toda a liberdade humana. 

Aqui, novamente, estamos diante de uma imagem de Deus que provém, na verdade, da filosofia grega, e que os teólogos clássicos contribuíram bastante para difundir, até demais. 

Sabemos que, em continuidade ao pensamento grego, o Deus cristão foi “dotado” de todo um conjunto de “atributos”: onisciência, onividência, impassibilidade, imutabilidade, eternidade etc.

Não contesto aquilo que nos chegou diretamente da Bíblia (por exemplo, Deus é eterno, ainda que não possamos conceber a eternidade!), mas percebo que o homem construiu uma imagem, uma representação de Deus que dependeu muito mais de uma reflexão humana e lógica que de uma compreensão bíblica. 

A Bíblia enuncia, do início ao fim, algo decisivo: Não podemos conhecer Deus, não podemos sequer fazer uma imagem dele nem analisar aquilo que ele é. 

Os únicos teólogos que trabalharam com seriedade foram aqueles que praticaram a chamada “teologia negativa”, ou seja: “Não se pode conhecer Deus, mas somente dizer aquilo que ele não é: Assim, o dinheiro não é Deus, uma arvore, uma fonte, o sol, nada disso é Deus” etc. Não se pode afirmar nada positivo (falei anteriormente que “Deus é amor” e essa é a única declaração bíblica positiva, mas o amor não é um “ser” determinado). 

Por Jacques Ellul

Leia também (Fé e Crença): http://arminianos.wordpress.com/2011/12/15/fe-e-crenca-jacques-ellul/
Assista ao documentário (Jacques Ellul - The Betrayal by Technology): http://www.youtube.com/watch?v=LdogID589Mk

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