Em todas as coisas o amor...
Um pergunta angustiante: "Você é evangélico ou cristão?".
Hoje comumente respondo que não.
Mas claro que creio no Cristo ressurreto.
Óbvio que creio no evangelho.
Mas algumas coisas me inquietam.
Classe política é um abuso à representatividade ou representação (como queiram).
Não existe classe política, ocupar temporariamente um mandato não deve se tornar um emprego, uma profissão.
Assim o que se dizer da chamada "bancada evangélica"?
Lembro-me nas últimas eleições presidenciais que parte das Assembléias de Deus juntamente com a figura do pastor Silas Malafaia apoiaram José Serra do PSDB. Quando questionado porque não apoiaria Marina Silva, Silas disse: "Pior do que um ímpio é um crente dissimulado".
Silas disse isso, pois no tempo que Marina era senadora recebeu do filho de Silas um projeto para ser apresentado ao Senado e a câmara o qual instituía a leitura da Bíblia como obrigatória no ensinos primários e fundamentais das escolas públicas brasileiras.
Marina simplesmente engavetou. Afirmou que o Brasil é um país laico e quem quer seja não deve impor o que crê sobre os outros. As diferenças de fé, religiosidade e espiritualidade devem ser respeitada.
E nisto ela não feriu sua consciência, nem a sua fé e muito menos o evangelho.
A Universal, juntamente com alguns representantes de igrejas históricas como Batista e Presbiteriana apoiaram a campanha de reeleição de Dilma sob a égide/barganha de serem atendidos em algumas áreas.
Ironia ou não, à Marina restou o apoio da CNBB.
O que me espanta é a imposição que parte do movimento "evangélico" conduzido pela tal bancada "evangélica" faz sobre a sociedade.
Que o evangelho seja proclamado sobre a ternura de Jesus, conduzido pela discrição dEle.
Jesus que de tão discreto acabava por chamar a atenção, e aceitava a todos sem distinção.
"Vinde a mim todos os que estais cansados de carregar suas pesadas cargas, e Eu vos darei descanso. Tomai vosso lugar em minha canga e aprendei de mim, porque sou amável e humilde de coração, e assim achareis descanso para as vossas almas. Pois o meu jugo é bom e minha carga suave"
Assim, penso que as diferenças de crédulo devem ser respeitadas, cada qual deve seguir o caminho que desejar assumindo as responsabilidades, pois quanto a humanidade...
"Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos. E não necessitava que alguém lhe desse testemunho acerca do homem, pois Ele bem conhecia o que havia na natureza humana"
Se Ele nos conhece melhor que nós mesmos, sabe das nossas fraquezas e necessidades, e nos aceita como somos, não cabe a nenhum de nós dizer ou traçar rotas e caminhos pelos quais as pessoas devem andar...
Bem frisou o teólogo alemão Walter Kasper “O amor excelso de Deus se faz sentir na aceitação de seres humanos uns pelos outros, na extinção de preconceitos e de barreiras sociais, em uma nova comunidade irrestrita entre os homens, na amizade fraterna e no ato de compartilhar tristezas e alegrias”.
Faço minhas as palavras de Agostinho: "Nas coisas essenciais unidade, nas não-essenciais liberdade, em todas as coisas o amor".
João Vicente Ferreira Neto
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