Samba ou Monastério?
Samba ou Monastério?
Samba ou monastério o que seria melhor a seleção?
Durante o mesmo período de tempo (4 anos) a nossa seleção foi dirigida por dois homens.
Primeiro (de 2002 após o penta até a eliminação na copa de 2006) por Carlos Alberto Parreira, aquele mesmo que nos trouxe o tetracampeonato, e que nesta Copa deu a primeira vitória à seleção da África do Sul em mundiais justamente em cima da França a sua (Parreira) algoz de quatro anos atrás.
O outro é o Dunga que após a eliminação de 2006 assumiu o comando da seleção e agora cai exatamente após uma nova eliminação e novamente nas quartas de finais, novamente contra uma seleção européia.
Agora quais as semelhanças entre o regente do samba e o sacerdote do mosteiro?
Pois bem, eis aqui algumas:
1. Ambos conquistaram o tetra campeonato em 1994. Parreira foi o treinador e Dunga o volante e capitão.
2. Ambos passaram pela seleção brasileira diversas vezes. O primeiro como técnico e o segundo como jogador e depois como “treinador”.
3. Ambos conquistaram “três” títulos à frente do comando do selecionado brasileiro, a saber: Copa América (2004 – Parreira e 2007 – Dunga); Copa das Confederações (2005 – Parreira e 2009 – Dunga); e ainda terminaram as eliminatórias classificatórias a Copa do Mundo em primeiro lugar.
4. Ambos não conseguiram conquistar a tão sonhada medalha de ouro olímpica, todavia Dunga que fora eliminado vexatoriamente pelos argentinos nas semifinais conseguiu ao menos trazer mais um bronze para nós, enquanto Carlos Alberto Parreira ficou distante da seleção olímpica, e como resultado não conseguimos sequer ir às olimpíadas, mesmo com a geração de Diego, Elano, Robinho e Kaká.
5. Ambos foram eliminados nas quartas de finais de suas respectivas Copas do Mundo como treinador, e ambos por seleções européias.
Ganhar tudo e perder a Copa é o mesmo que perder tudo e ganhar absolutamente nada. Ganhar a Copa é ganhar tudo até mesmo aquilo que se perdeu.
Aparentemente ambos são extremos. Um treinador da seleção do samba, e outro do time do mosteiro. Um papai, “administrador” da casa de mãe Joana, e outro general de quartel. Um apático e o outro ditador. Um humilde, mas de tão humilde tornou-se negligente, foi apunhalado pelas costas e em momento algum conseguiu se aperceber, o pior talvez até o soubesse, mas não tinha ou não sabia o que fazer, parece ter sido de súbito que tudo acontecera. O outro um arrogante, soberbo e pedante disfarçado de simplicidade, comprometimento, resgate do espírito patriota.
Penso que o equilíbrio é a perfeita harmonia dos extremos.
Sendo assim, estes últimos 8 anos da seleção nos ensinaram algo: Copa do Mundo não se ganha com samba, mas também não se ganha trancafiado em um mosteiro. Copa do Mundo se ganha com bola no pé. É dentro de campo, e em dados momentos fora dele também.
Não adianta ter uma seleção de estrelas e não a tê-la nas mãos, assim como o mesmo é válido ao inverso, ou seja, não adiante tê-la nas mãos como quem a asfixia.
Ao mesmo tempo em que é maravilhoso, também o é doloroso ver a Alemanha com Neuer (24); Lahm (26), Mertesacker (24), Friedrich (rebaixado no campeonato alemão para a 2º divisão - 31) e Boateng (22); Khedira (23), Schweinsteiger (26), Podolski (25), Özil (21) e Muller (20); Klose (32). Téc.: Joachim Löw (40), ou seja, uma seleção jovem, renovada tendo alguns jogadores experientes mesclando juventude com maturidade, tendo o tal comprometimento sem perder a beleza da ousadia. A Alemanha foi nesta Copa o que o Brasil sempre fora nas edições de outrora. Eles (os alemães) levaram o Neymar, o Ganso e Ronaldinho Gaúcho deles. E nós a quem levamos? – Ah... Nós tínhamos o Júlio Batista, Josué, Kleberson, Gilberto Melo, Grafite, Felipe Melo.
A eliminação diante da Holanda não foi praga de jornalista, macumba de argentino ou murmúrios de torcedor. Cair perante a Holanda que não perde um jogo há 1 ano e 9 meses, ou seja, 24 jogos, sendo 19 vitórias e 5 empates, não foi uma tragédia, e sim a constatação de um fato: Não é sambando ou se trancafiando no mosteiro que ganharemos a Copa.
O “problema não foi” o Carlos Alberto Parreira ou o Dunga, o imbróglio é mais devastador, a sua dimensão tem um alcance muito maior, o pior é que é sútil, o que não significa dizer que seja imperceptível, e chama-se Ricardo Teixeira. Foram 8 anos perdidos. O planejamento sempre foi para o presente e nunca para o futuro, salvo me engano com exceção a França ou não, fomos neste mundial a seleção com a maior média de idade. Enquanto nossos adversários, dentre eles Argentina e Alemanha detém um média de idade inferior aos 25 anos. O Ricardo poderoso chefão já esta falando nos estádios, especialmente o dá abertura da Copa de 2014. E a seleção? O que adiantará os estádios, a torcida, até mesmo a organização, se a seleção canarinha não estiver na final e não levantar a taça? O Ricardo desde o Parreira só fez um planejamento pensando no momento e não no posterior. O trabalho deve ser a curto e a longo prazo. O Dunga é exemplo da política Teixeireana, pois ele (Dunga) disse: "Eu não penso na Copa de 2014 e sim nesta de 2010", e agora?
Para se ganhar a Copa não basta ser brilhante como 82 que ficamos pelo meio do caminho, bem com em 2006 dadas às proporções uma vez que tínhamos um excelente elenco ou ter um time medíocre como a seleção de 90 ou como esta de 2010 aonde o nosso ponto forte era única e exclusivamente a defesa. Inclusive reside neste setor o nosso lamento final. É triste saber que não teremos Lúcio, Juan e talvez Julio Cesar na próxima Copa, e não em uma Copa qualquer, mas espero... Na nossa Copa!
Copa se ganha com equilíbrio, e assim o foi em 58, 62, 70, 94 (afinal tínhamos o Ronaldo com 18 anos no banco que não chegou a entrar sequer uma partida, mas estava lá adquirindo a tal requisitada experiência) e em 2002 (O Kaká era o menino da vez).
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