A Mensagem Oculta de Atos


A Mensagem Oculta de Atos



Algumas pessoas costumam afirmar que se Atos 1.8 “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”, não se cumprir na vida de um cristão, certamente Atos 8.1 “Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria” vai se cumprir.
Dentro do livro dos Atos dos Apóstolos encontramos algumas porções das quais relatam a relutância por parte dos apóstolos em obedecer à parte final das instruções dada por Jesus Cristo sobre a grande comissão. Em Atos 5.28 diz: “dizendo: Expressamente vos ordenamos que não ensinásseis nesse nome; contudo, enchestes Jerusalém de vossa doutrina; e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem”, e Atos 6.7 diz: “Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé”.
Com “certa” facilidade os apóstolos atingiram o primeiro dos quatro limites mencionados por Jesus, eles evangelizaram Jerusalém sem grandes problemas. Embora eles tivessem “obedecido” a ordem para evangelizar, se detiveram apenas a Jerusalém. Quando fazemos uma leitura minuciosa e acurada dos primeiros sete capítulos do livro de Atos iremos identificar uma postura “covarde, egoísta, arrogante e centralizadora” por parte dos apóstolos. Pois até aqui, cerca de 25% dos escritos de Lucas já estavam encaminhados, a história já estava “registrada” não em papéis, mas em fatos. E até onde mostra o registro, os discípulos sequer estavam planejando em dar continuidade e obedecer ao restante da última ordem de Jesus. Temos um exemplo típico disso registrado em Atos 8.25 “Eles, porém, havendo testificado e falado a palavra do Senhor, voltaram para Jerusalém e evangelizavam muitas aldeias dos samaritanos”. O fator motivacional de Pedro e João não necessariamente estava na ordem de Jesus, mas dá-se na questão geográfica, pois os lugares aonde evangelizavam ficavam próximos a Jerusalém.
Outro ponto a ser considerado aqui é o tão famoso desencargo de consciência que todos os seres humanos, especialmente os do meio religioso sofrem, afinal o Senhor havia deixado uma ordem, e como eles não estavam cumprindo e por Jesus incidência (não acredito no acaso e em coincidências) grande perseguição lhes fora vinda resolveram barganhar com Deus a missão que lhe fora incumbida. Outro exemplo está em Atos 9.32 – 11.18 onde o apóstolo Pedro está seguindo outra vez nas pegadas de Filipe. Sem dúvida, a obra realizada por Pedro foi relevante, no entanto, ele só testemunhou a respeito de Jesus Cristo aonde Ele (Cristo) já fora ministrado (pregado/testemunhado) antes, com uma única exceção.




Em Atos 10.9-22 o apóstolo Pedro tem uma visão advinda de Deus para livrar Pedro de seus preconceitos anigentílicos, algo que já havia se dado três vezes neste mesmo contexto (Atos 10.16). Mas, a graça irresistível de Deus, o Seu amor quebrantador e libertador de cadeias, o qual nos faz diferentes para com as indiferenças levou Pedro finalmente a compreender, que tais atitudes relutantes não o levaria a lugar algum, senão ao distanciamento e desobediência a ordem de Cristo. Seu encontro subseqüente com Cornélio (Atos 10.1-8; 23-48) é um retrato do preconceito humano esvaindo-se gradualmente através do evangelho de Jesus Cristo.
Podemos identificar exclusivismo e favorecimento aos judeus (aos de Jerusalém) em Atos 11.22 “Então, os que foram dispersos por causa da tribulação que sobreveio a Estêvão se espalharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus.
Por fim percebe-se um ar de ironia ou uma nota leve de sarcasmo em Atos 11.22 “A notícia a respeito deles chegou aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia”, pois a metáfora “aos ouvidos da igreja” poderia ter sido perfeitamente interpretada por “aos ouvidos dos apóstolos”, o que captamos aqui é que Lucas o “escritor” deste livro nos passa uma branda insinuação de sua impaciência (e do Espírito Santo) por causa da visão estreita da igreja de Jerusalém. Descobrimos no decorrer da história que Lucas certamente copilou “Atos dos Apóstolos” como um recurso didático para encorajar os outros discípulos e os demais convertidos judeus a seguirem o exemplo de Paulo na evangelização dos gentios.
E agora? O que isto tem haver comigo? Com você? Conosco (enquanto igreja)? Pensando nos dias hodiernos (uso por pura ironia esta palavra, afinal é bem mais simples dizer nos dias de hoje ou nos dias atuais, mas sabe como é faz parte de “reino” dominante que habita para dentro de nós e que “estamos”, se é que estamos expelindo isso de dentro de nós o tempo inteiro). Quais as notícias estão chegando aos ouvidos da igreja evangélica protestante brasileira do século XXI? Neste sentido qual é a diferença da igreja do I século A.D para a igreja de hoje? Afinal quase tudo, por não se dizer tudo o que fazemos não é voltado para o nosso próprio umbigo?

Que Deus nos dê entendimento, clareza e percepção para enxergarmos as nossas debilidades, faltas e omissões para com aquilo (a missão) para o qual estamos incumbidos!





Comentários

Unknown disse…
Gostei muito do texto John! Principalmente da análise q vc fez sobre o apóstolo Lucas quanto à impaciência do mesmo em relação à mente dos apóstolos, em restringir o evangelho apenas aos Judeus!
Deus te abençoe! =*